17 julho 2018

Como engravidei aos 15 anos?



























Devo começar do inicio. De onde todas as pessoas normais devem começar. Respiro fundo, fecho os
olhos e busco no fundo da minha memória alguns vestígios da minha vida antes da maternidade.
Me lembrei de um dia na beira de uma lagoa, fazendo um churrasco com alguns amigos. Som alto, bebidas, uma boia inflável. Risadas embriagadas e planos para o próximo fim de semana. Eu não me preocupava em molhar o cabelo, tinha feito progressiva a poucas semanas. Não me preocupava por usar biquíni, afinal de contas tinha um corpo impecável.
Antes que você se questione, sim, eu tinha um namorado. Estudava. Tinha várias amigas. E quatorze, QUATORZE, você não leu errado, eu tinha quatorze anos de idade. Fui parte daquela porcentagem do índice brasileiro, que decepcionou os pais adiantando algumas fases da vida.
Respiro fundo novamente, seguro um suspiro, abro os olhos e enxergo claramente minha realidade de hoje. Tenho 18 anos, um bom emprego, uma casa, e uma filha. Uma linda filha, saudável e esperta.
Tento me focar nos dias atuais, mais me rendo novamente as minhas lembranças do passado.
No dia 11 de outubro de 2015, decidi fazer uma viagem. O destino era Rio de Janeiro. Peguei o ônibus com o rosto coberto de lágrimas por ter que despedir do meu namorado. Mesmo que estivéssemos em crise no nosso relacionamento, era com ele que eu passava todos os meus dias. Sempre que ele saía do trabalho, nos encontrávamos e íamos para casa dele. No outro dia cedinho eu ia para para a escola e ele para o trabalho. Me buscava todos os dias para almoçarmos juntos e a noite, a mesma rotina se repetia. Foi assim durante todo o tempo em que estivemos juntos.
Cheguei no Rio de Janeiro no dia 12 de outubro. Fiquei certa de 15 dias. Nos comunicávamos todos os dias por telefone, além de trocar várias mensagens.
No início da minha segunda semana no Rio de Janeiro, meu anticoncepcional acabou. Pensei em comprar, mais se comprasse o remédio, não sobraria dinheiro o suficiente para ficar mais dias e voltar para minha cidade. Na época ele custava cerca de 80$, era o Yas. Ah, já ia me esquecendo! Devo explicar uma outra parte da minha vida. Em 2013, pouco tempo após minha primeira menstruação, fui diagnosticada com endometriose, uma das heranças genéticas da minha mãe. Sempre que ia menstruar, sentia muita cólica, de chegar ao ponto de ter que ir para o hospital. Por isso, fui ao ginecologista mesmo muito nova, e lá estava meu útero ferrado. Devido a este problema, fui receitada com este anticoncepcional extremamente caro para quem fazia parte da classe média baixa, não que eu tenha deixado de fazer.
Bem vinda ao clube de mulheres com uma em um milhão de chances, de poder ter um filho.
Obviamente, ter um filho não era minha prioridade na época. Então eu só me importava com as consequências desse problema, e principalmente a dor.
Tive que beber uma xícara de café para ativar meus olhos que já estão bastante sonolentos a essa hora da noite. Valentina dá uma tosse, que me preocupa por estar com o peito carregado. Ela revira de um lado para o outro na cama, e volta a dormir. Olho a hora, e conto que tenho apenas mais cinco horas para dormir, porque no dia seguinte preciso acordar as seis para levá-la a creche.
De volta a minha viagem... Acabei não comprando o anticoncepcional. Aproveitei meus últimos dias na cidade maravilhosa e voltei para Guanhães.
Não irei dar detalhes de quão grudados passamos os dias após o meu retorno. Qualquer oportunidade que tínhamos para ficarmos juntos, aproveitávamos.
O mês de novembro chegou, e no dia nove comemoraríamos um ano de namoro. Fecho os olhos novamente, e quase não os abro pelo sono que esta intenso demais, quase me embalando. Me recuso a dormir sem finalizar essa história.
Dia oito de novembro, inventei uma mentirinha. Disse que iria para o clube com minhas amigas logo após o almoço e que só poderia vê-lo a noite. Chateado, concordou. Questionou por não ficarmos juntos no nosso dia, mais fazia questão que eu me destraisse um pouco.
Acordei cedo no sábado, e pedi minha mãe que me levasse para a casa dele. Conferi se o carro dele já estava na porta do trabalho, para ter certeza de que ele não estava em casa. Tudo certo! Fui para a casa dele, com uma bolsa, cheia de pacotes de balão, velas, cartões e porta retratos. Contei para a família dele que faria uma surpresa, e fiz.
Enchi cerca de 500 balões. Enfeitei todo o quarto, e esperei que ele chegasse.
Feliz um ano de namoro! E tharannnn! Valentina foi concebida no dia 09/11/2015, e disso também não irei dar detalhes.



























Algum tempo depois, cerca de duas semanas, comecei a sentir muita cólica. Fui pro hospital uma vez desmaiada de tanta dor, e me disseram que era normal. Agendei uma consulta com o ginecologista.
   _ O que exatamente você esta sentindo?
   _ Cólica, muita cólica.
Contei todo o meu diagnóstico de 2013, e ele me deixou claro que não havia possibilidade nenhuma de ser uma gravidez. Me receitou um remédio e pediu exames laboratoriais e um ultrassom, que foi agendado para terça feira da próxima semana.
Saí do consultório e comprei o remédio. Uma das enfermeiras que havia me atendido no hospital trabalhava na farmácia, e achou estranho a minha cólica ainda não ter passado.
Quando cheguei em casa, tomei o remédio. Senti um gosto estranho, amargo. Foi aí que li a bula. Lá dizia claramente que o remédio não era indicado para gestantes e lactantes, mais eu não me preocupei, ate porque não havia possibilidade de ser uma gravidez, de acordo com o médico.
Continuei tomando o remédio nos dias seguintes, de oito em oito horas. Ate que chegou o dia 30 de novembro. O dia da minha ultrassom. 
Fiquei sentada na sala de espera junto com minha mãe. O tempo passava de forma pesada. Chegando a minha vez, entrei. O médico pediu que eu me despisse e colocasse uma camisola. De início fiz a transvaginal para ver se havia algo de anormal, e por mais incrível que pareça, tudo estava normal. O médico estava em silêncio, não dizia nada.
Passou o gel na minha barriga. Senti um frio percorrer a minha espinha. O teto era branco, as luminárias pendentes no teto embaçavam meus olhos. Senti o aparelho de ultrassom percorrer a minha barriga, de um lado para o outro. Desviei meus olhos do teto e encarei o monitor, mais não conseguia enxergar nada além de borrões.
   _Você tem sentido algum sintoma? -perguntou interrompendo o silêncio.
   _ Sintomas de que? -perguntei, sem entender o motivo da pergunta.
Ele fixou os olhos no monitor, como quem quisesse confirmar o que estava vendo e me respondeu:
   _ Dor nos seios, enjoô, sono, náuseas?
Minha voz não saía. Senti as lágrimas embaçarem os meus olhos. Eu já havia entendido o que estava acontecendo, mesmo sem sentir nenhum daqueles sintomas.
   _ Não senti nada disso. -respondi sem fôlego.
Ele retirou o gel da minha barriga. Assinou um papel, e pediu para que eu me vestisse. Fui para o banheiro e vesti minha roupa, sem entender nada daquilo que estava acontecendo. Quando retornei e me sentei, ele me disse o resultado do exame.
   _ Notei algo de diferente no seu ultrassom. Existe uma grande possibilidade de você estar grávida, mais ainda não posso te confirmar, por ser muito recente.


















Não sabia o que responder, o que pensar, ou como agir. Eu tinha apenas 15 anos. Aquilo não podia estar acontecendo comigo. Era o fim dos meus dias! As lágrimas invadiram meu rosto, e eu só conseguia imaginar o quanto eu estava ferrada.


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4 comentários:

  1. Nossa que história
    Já quero a continuação❤
    Já acompanho seu canal a algum tempo.
    Sua filha é linda e você também ��

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  2. Nossa Manu sua historia nos prende, continuação já rsrsrs.
    Que Deus te abençoe, vc e a Valentina são maravilhosas, admiro o quão guerreira é com apenas 18 anos.
    Muito sucesso.

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  3. Que história linda Manu❤
    Que Deus abençoe grandemente sua vida e da Tina��
    Acompanho vcs e me expiro em vc para ser uma mãe assim, bem exemplar
    Felicidades linda��

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