Acordei com o barulho dos carros passando pela rua. Pego o celular e confiro as horas, ainda são apenas quatro da manhã, de um sábado. Provavelmente as pessoas nos carros estavam retornando para casa depois de uma noitada de bebidas e músicas estridentes no ouvido. Era para eu estar lá!
Sento escorando minhas costas na parece gelada. Sinto uma gota de suor percorrer minha testa. Caminho ate o outro lado do quarto, e lá esta o berço da minha bebê que acabará de fazer 4 meses. Abaixo o corpo e me aproximo de suas narinas para sentir se esta respirando. Dorme tão serenamente que parece nem estar ali. Meu cabelo cai em seu rosto, e fico de pé novamente temendo que ela acorde. Demoraria mais uma eternidade para fazê-la dormir outra vez.
Meus peitos estão doloridos e duros. No intervalo de tempo em que dormi se encheram de leite. Caminho ate o banheiro. Percorro a mão pela parede ate encontrar o acendedor. Acendo a luz e me encaro de frente para o espelho, como se estivesse em transe.
Ali estava eu. Pesando 44kg, com os cabelos despenteados e as unhas roídas. Rejeito a mulher que vejo naquele reflexo, e começo a me questionar se não seria por este motivo que naquele momento eu estava solteira. Puxo os meus poucos fios de cabelo para o lado e percebo que alguns se soltam entre os meus dedos. Nos últimos meses comecei a ter entradas de careca devido a minha queda capilar.
Me lembro do que havia ido fazer no banheiro e dou dois passos para o lado. Começo a abaixar o short, e me posiciono para sentar. Ouvidos atentos em qualquer som que minha bebê fosse emitir. Ouço o choro. Por um momento, imagino que alguém pudesse levantar e ver o que estava acontecendo, apenas daquela vez, mais me lembro que minha família defendia a tese, de que quem colocou no mundo que crie. Me levanto da privada sem nem ao menos ter começado a urinar e corro para o quarto tentando fazer o mínimo de barulho.
Pego a bebê no colo e a acolho em meus seios. Sinto a fisgada da gengiva agarrando o bico dos meu seio e murmuro de dor. Acendo a abajur e coloco um pano em cima para bloquear um pouco da luz.
Me sento na beirada da cama e aproveito para conferir minhas redes sociais, pouco movimentadas por sinal. Abro o WhatsApp, e a mensagem que eu tanto queria que estivesse lá, não estava. Abro o perfil, e confiro o visto por último. 3h46m da manhã. Ele estava em alguma festa, ou com outra, constato. Sinto a lágrima percorrer minhas bochechas e jogo o celular de volta na cama. Tento de todas as formas rejeitar os pensamentos que se enfiavam na minha cabeça, mais não consigo.
Tomada pelas lágrimas, deito com a cabeça encostada no travesseiro e apoio a bebê em um dos braços, fazendo uma barreira entre ela e a beirada da cama, com meu corpo magro.
Tento puxar o peito, mais sempre que tento, ela resmunga como quem fosse acordar. Acabo deixando, e entrego meu corpo ao cansaço que vem me dominando a dias. Pego no sono com a preocupação de que minha bebê irá dormir sem arrotar, mais não consigo ficar acordada. Faz dias que não durmo... só hoje, só hoje! Fecho os olhos e apago a minha mente.
Lembro apenas de alguns fragmentos de um sonho. Me vejo feliz, correndo de mãos dadas com minha filha em um campo florido. O vento bate levemente em meu rosto. Vestíamos roupas brancas e por trás da minha orelha, pendia uma flor amarela. O sol de fim de tarde realçava os cabelos claros da minha menina. Naquele sonho ela devia ter por volta de dois aninhos. Estávamos felizes e eu estava bem. Não parecia a mesma mulher que eu havia visto no reflexo do espelho. Não existe som. Apenas as gargalhadas e o barulho das folhas de alguns pinheiros se balançando. Onde eu estava? Não conseguia decifrar. Corríamos em direção a uma cabana azul, com uma chaminé, e telhado cor de terra.
Nunca tive a oportunidade de decifrar o que existia naquela cabana. Despertei com o sol das sete, batendo na janela do meu quarto. Me apeguei aquele sonho para seguir em frente, desde então.
Sento escorando minhas costas na parece gelada. Sinto uma gota de suor percorrer minha testa. Caminho ate o outro lado do quarto, e lá esta o berço da minha bebê que acabará de fazer 4 meses. Abaixo o corpo e me aproximo de suas narinas para sentir se esta respirando. Dorme tão serenamente que parece nem estar ali. Meu cabelo cai em seu rosto, e fico de pé novamente temendo que ela acorde. Demoraria mais uma eternidade para fazê-la dormir outra vez.
Meus peitos estão doloridos e duros. No intervalo de tempo em que dormi se encheram de leite. Caminho ate o banheiro. Percorro a mão pela parede ate encontrar o acendedor. Acendo a luz e me encaro de frente para o espelho, como se estivesse em transe.
Ali estava eu. Pesando 44kg, com os cabelos despenteados e as unhas roídas. Rejeito a mulher que vejo naquele reflexo, e começo a me questionar se não seria por este motivo que naquele momento eu estava solteira. Puxo os meus poucos fios de cabelo para o lado e percebo que alguns se soltam entre os meus dedos. Nos últimos meses comecei a ter entradas de careca devido a minha queda capilar.
Me lembro do que havia ido fazer no banheiro e dou dois passos para o lado. Começo a abaixar o short, e me posiciono para sentar. Ouvidos atentos em qualquer som que minha bebê fosse emitir. Ouço o choro. Por um momento, imagino que alguém pudesse levantar e ver o que estava acontecendo, apenas daquela vez, mais me lembro que minha família defendia a tese, de que quem colocou no mundo que crie. Me levanto da privada sem nem ao menos ter começado a urinar e corro para o quarto tentando fazer o mínimo de barulho.
Pego a bebê no colo e a acolho em meus seios. Sinto a fisgada da gengiva agarrando o bico dos meu seio e murmuro de dor. Acendo a abajur e coloco um pano em cima para bloquear um pouco da luz.
Me sento na beirada da cama e aproveito para conferir minhas redes sociais, pouco movimentadas por sinal. Abro o WhatsApp, e a mensagem que eu tanto queria que estivesse lá, não estava. Abro o perfil, e confiro o visto por último. 3h46m da manhã. Ele estava em alguma festa, ou com outra, constato. Sinto a lágrima percorrer minhas bochechas e jogo o celular de volta na cama. Tento de todas as formas rejeitar os pensamentos que se enfiavam na minha cabeça, mais não consigo.
Tomada pelas lágrimas, deito com a cabeça encostada no travesseiro e apoio a bebê em um dos braços, fazendo uma barreira entre ela e a beirada da cama, com meu corpo magro.
Tento puxar o peito, mais sempre que tento, ela resmunga como quem fosse acordar. Acabo deixando, e entrego meu corpo ao cansaço que vem me dominando a dias. Pego no sono com a preocupação de que minha bebê irá dormir sem arrotar, mais não consigo ficar acordada. Faz dias que não durmo... só hoje, só hoje! Fecho os olhos e apago a minha mente.
Lembro apenas de alguns fragmentos de um sonho. Me vejo feliz, correndo de mãos dadas com minha filha em um campo florido. O vento bate levemente em meu rosto. Vestíamos roupas brancas e por trás da minha orelha, pendia uma flor amarela. O sol de fim de tarde realçava os cabelos claros da minha menina. Naquele sonho ela devia ter por volta de dois aninhos. Estávamos felizes e eu estava bem. Não parecia a mesma mulher que eu havia visto no reflexo do espelho. Não existe som. Apenas as gargalhadas e o barulho das folhas de alguns pinheiros se balançando. Onde eu estava? Não conseguia decifrar. Corríamos em direção a uma cabana azul, com uma chaminé, e telhado cor de terra.
Nunca tive a oportunidade de decifrar o que existia naquela cabana. Despertei com o sol das sete, batendo na janela do meu quarto. Me apeguei aquele sonho para seguir em frente, desde então.
Que lindo 😍
ResponderExcluir